Uma turma de 15 alunos do curso de Engenharia Civil do campus de Florianópolis da Universidade Federal de Santa Catarina visitou a obra do Terminal Gás Sul (TGS), na Baía de Babitonga (SC), no último dia 30 de março. A visita faz parte do programa de relacionamento com a comunidade organizado pela equipe gestora da obra. Uma nova turma de estudantes, desta vez da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), já está agendada para visitar o empreendimento no mês de abril.
Os estudantes tiveram a oportunidade de visualizar, in loco, uma das obras mais relevantes em andamento no estado de Santa Catarina. A primeira parte da visita técnica foi nas obras offshore. A bordo de uma das seis balsas que compõem o sistema logístico do projeto, batizada de “Perpetuar”, os estudantes puderam observar diversas atividades, dentre elas a concretagem de uma das estruturas marítimas do projeto, composta por dois dolphins de atracação, quatro dolphins de amarração e uma plataforma operacional, onde ficarão os equipamentos do Terminal para descarga do gás, que será operado remotamente. Tais estruturas são suportadas por 85 estacas de aço com diâmetro de um metro, cada, fabricadas com comprimentos que variam entre 48 e 57 metros e cravadas em profundidades de até 30 metros abaixo do leito marinho.
No dia da visita foi possível observar a complexa operação logística para transporte do concreto usinado que navega por 18 km para chegar no local das obras em mar. Conforme explicado pelo Engenheiro Ricardo Corregio, gerente responsável pelas obras offshore, a balsa concreteira, como é chamada, transporta até oito caminhões betoneiras com 64 metros cúbicos de concreto e pesa cerca de 300 toneladas. Levando em consideração que somente a navegação tem duração de aproximadamente duas horas, foi necessário o desenvolvido de traço de concreto especial para a obra com validade de 10 horas, com necessidade de refinada coordenação de logística para que o intervalo entre a usinagem e aplicação seja o mais curto possível, tendo em vista imprevistos como eventuais variações climáticas que podem alterar as condições de mar.
As obras civis do terminal marítimo, iniciadas em outubro de 2021, têm previsão de conclusão neste mês de abril de 2022.
Furo direcional
A segunda etapa da visita promoveu a apreciação do Horizontal Directional Drilling (HDD), furo direcional que fará a conexão do gasoduto onshore e offshore. O HDD está sendo executado pela empresa parceira Siecapag-Intech, pertencente ao grupo francês VINCI. Em comparação ao modelo tradicional de abertura de valas, a metodologia de HDD apresenta consideráveis vantagens, como menor impacto na execução e ocupação de espaços, baixa interferência no ambiente marinho, menor impacto na navegação (a Baía de Babitonga é base de operação de dois portos), além de tornar a obra mais rápida e eficiente. A realização do furo direcional se dá em três etapas: a primeira consiste na perfuração do furo piloto, quando durante a perfuração um sensor é instalado na broca para assegurar a navegação georreferenciada, conforme determinado no projeto. Na etapa seguinte, após a realização do furo piloto, a broca é trocada por alargadores que aumentam o diâmetro do furo, até que alcance uma vez e meia o diâmetro do gasoduto a ser instalado. Já na última fase ocorre a instalação do duto, quando é feito o “pullback” e a coluna de dutos já soldada é puxada para dentro do furo.
De acordo com o Engenheiro Paulo Jorge Fernandes, gerente responsável pelas obras onshore, o HDD é uma tecnologia muito eficiente. “Ela proporciona menor impacto ambiental para instalação de tubulações de gás em travessias de rios, cruzamento de rodovias e na interligação de instalações marítimas com dutos terrestres. Este foi o racional para termos optado por essa metodologia”, afirma.
De acordo com o professor da UFSC Marcos Aurélio Marques Noronha, coordenador do grupo de alunos, esta foi a melhor visita já feita pelos estudantes sob sua orientação. “Uma chance como esta, onde você tem a oportunidade de ver na prática temas como concretagem, cravação de estacas, escavações em rocha, obra em terra e em mar, operação de guindastes, entre outros, vale mais que um curso inteiro de engenharia”, avaliou com entusiasmo.
Atualmente as obras geram mais de mil empregos diretos e alcançaram a importante marca de 250 mil pessoas/horas trabalhadas sem acidentes.
O TGS
O empreendimento vai fornecer 15 milhões de metros cúbicos de Gás Natural por dia, representando um aumento de mais de três vezes no total disponível atualmente no estado de Santa Catarina. O Terminal está localizado a 300 metros da costa da cidade de São Francisco do Sul, e inclui infraestrutura para receber, armazenar, regaseificar e distribuir o gás natural que chegará na forma de GNL (Gás Natural Liquefeito) pelo mar através de navios metaneiros e será transferido pelo sistema ship to ship para uma FSRU (unidade flutuante de armazenamento e regaseificação) com capacidade de armazenar 160 mil metros cúbicos de GNL, que, por sua vez, será interligada por 33 km de dutos de 20 polegadas com o GASBOL (Gasoduto Bolívia-Brasil).
Uma turma de 15 alunos do curso de Engenharia Civil do campus de Florianópolis da Universidade Federal de Santa Catarina visitou a obra do Terminal Gás Sul (TGS), na Baía de Babitonga (SC). Os estudantes tiveram a oportunidade de visualizar, in loco, uma das obras mais relevantes em andamento no estado de Santa Catarina.