Como funciona o tatuzão?
O Tunnel Boring Machine (TBM), apelidado como ‘tatuzão’ aqui no Brasil, é o protagonista das maiores obras subterrâneas do mundo. Essa máquina gigante impressiona qualquer engenheiro: chega a pesar milhares de toneladas, é revestida com os materiais mais resistentes da engenharia e pode levar mais de dois anos para ser fabricada! A OEC é uma das pioneiras em uso do tatuzão para obras subterrâneas. Um exemplo é a megamáquina usada nas obras da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, a maior do tipo na América Latina, com 120 metros de comprimento! Quer conhecer alguns detalhes desse incrível equipamento? Então embarque com a gente!
Construir túneis é algo tão antigo quanto a própria humanidade, e as técnicas foram sendo aprimoradas ao longo do tempo. O tatuzão veio para revolucionar esse tipo de obra. Utilizado na maioria das vezes em construções metroviárias, o Tunnel Boring Machine é um grande equipamento de escavação que chega a perfurar, em média, de 10 a 14 metros por dia.
A ideia surgiu com Marc Brunel, engenheiro francês que construiu o primeiro túnel sob o Rio Tâmisa, na Inglaterra, em 1825. Seu projeto passou por adaptações e deu origem ao tatuzão que conhecemos hoje. Entre as grandes obras já executadas com o TBM estão o Eurotunnel (que liga a Inglaterra à França abaixo do mar do Canal da Mancha) e o Túnel de São Gotardo, nos Alpes Suíços. Aqui no Brasil, o equipamento foi usado nas novas linhas de metrô do Rio de Janeiro e São Paulo.
Normalmente o tatuzão é composto por alguns elementos principais. A couraça é a parte da frente onde está localizada a cabeça de corte, com discos e lâminas responsáveis pela escavação do túnel. Atrás ficam a cabine de comando e uma esteira para a remoção da terra, que acompanha o tatuzão em todo o processo de construção. Existe também o sistema de backup que acomoda itens como bombas, quadros elétricos e sistemas de ventilação.
E uma das grandes belezas do TBM é que ao mesmo tempo em que faz as escavações, ele também instala anéis pré-moldados de concreto por onde passa, formando uma estrutura definitiva de túnel seguindo um conceito de arco romano. Demais, não é? Olha só esse infográfico da Superinteressante que explica tudo sobre o funcionamento!
Para produzir o TBM é necessário que os fabricantes primeiro recebam as especificações técnicas do terreno da obra, feitas pela equipe por meio de sondagens, ensaios laboratoriais e investigações de campo. Assim o produto fica customizado para cada projeto. Por isso, o pedido de fabricação do tatuzão deve ser feito com cerca de dois anos de antecedência. Foi o caso do TBM da Linha 4 Amarela do Metrô de São Paulo, que foi fabricado na Alemanha e chegou no Porto de Santos em 82 contêineres e 24 peças soltas!
Ao final da escavação do túnel só os componentes eletrônicos da cabine são retirados. O restante do tatuzão é deixado no subsolo, devido ao alto custo da desmontagem e remoção da máquina.
Aqui no Brasil já foram adotados três tipos diferentes de Tunnel Boring Machines em construções: EPB (Earth Pressure Balance), Rock e Slurry. O EPB é o mais comum, utilizado em solos moles e rígidos. Ele aplica sobre a parede do túnel uma pressão igual ao peso da terra removida e condiciona o solo para que perca densidade e ganhe maleabilidade. Já o tipo Rock é mais simples e escava rochas das classes 1 a 3 sem pressurização, com frente aberta e sem pressão de injeção. Por fim, o Slurry é dedicado a solos muito moles, pantanosos ou de baixa pressão, condicionando o túnel com uma injeção de bentonita.
A equipe da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro inclusive ganhou um prêmio por desenvolver um EPB híbrido, que funcionava em solo arenoso, em uma região densamente edificada e com grande circulação de pessoas e veículos. E em alguns pontos ele ainda ficava submerso!
E por fim, separamos um vídeo muito bacana que explica o funcionamento do Tunnel Boring Machine, caso você ainda esteja morrendo de curiosidade: