02/01/2024

BIM é inovação?

Engenharia 3.0
BIM

Processos e tecnologias digitais vêm sendo mais e mais empregados no mercado de Engenharia e Construção, uma transformação muito bem-vinda, mas que traz consigo uma série de desafios. Nesse contexto, a disseminação do BIM (Building Information Modelling) é sem dúvida o exemplo mais importante e emblemático, com grandes impactos na cadeia produtiva em todas as suas etapas e com um universo de possibilidades ainda por explorar.

Segundo o professor Sergio Leusin, o BIM é uma inovação tecnológica radical e disruptiva; e não uma mera evolução incremental que substitui o emprego de softwares CAD - um recurso que automatizou a elaboração de desenhos, mas não alterou significativamente fluxo de desenvolvimento de um projeto. Infere-se que o uso de processos baseados em modelagem paramétrica poderá ser considerado uma Inovação enquanto este for capaz de gerar resultados e melhorias tangíveis e intangíveis nas atividades de projetar e construir.

Importante relembrar que a implementação do BIM é lastreada em três pilares: tecnologias, processos e pessoas. Se um destes pilares “falhar”, sua aplicação efetiva se torna comprometida. De fato, não adianta dispor das melhores tecnologias se as pessoas não estão capacitadas a utilizá-las. Ou ainda ter pessoas com alto nível de capacitação em softwares, se não houver requisitos, objetivos e processos bem definidos. A utilização sistemática / sistêmica funcional do BIM exige ainda a elaboração de um plano de implementação e gestão global, que reflita os objetivos e a estratégia da empresa.

Então, BIM é Inovação?

Acreditamos que sim, porque o BIM não se limita à modelagem 3D ou aos usos mais correntes hoje disponíveis nos softwares mais comuns do mercado. É muito mais que isso. Alguns paradigmas vêm sendo quebrados, como por exemplo, a adaptação de processos para viabilizar o trabalho colaborativo multidisciplinar, como um requisito fundamental em novos projetos. Além disso, há uma jornada a ser percorrida até que o emprego de modelos na composição de custos e orçamentação se torne mais funcional e mais fácil de se implementar.

A informação - o “I” do acrônimo BIM - ainda é um universo a ser explorado, muito embora esforços estejam sendo direcionados para uma aplicabilidade cada vez mais ampla. Outro ponto a se destacar: os usos voltados à gestão de ativos podem trazer novos mercados ainda pouco explorados.

Finalmente, cabe ressaltar que se trata de uma tecnologia em constante desenvolvimento e transformação que ainda não atingiu o seu estágio mais avançado de maturidade, relacionado à integração de processos e colaboração na nuvem, integração com IA, emprego de RA/RV/RM, entre outras aplicações.

O BIM tende a ser considerado, portanto, como uma Inovação ainda por um bom tempo. Sua implementação e utilização exigem investimentos e esforços que, para se tornarem efetivos, precisam necessariamente contemplar os três pilares aqui mencionados, necessários para garantir os resultados e benefícios advindos desta tecnologia.

Cristiano Silva e Daniel Lepikson
OEC Inovação