Inovação e Transformação Digital: Um Guia para Empresas
A transformação digital tornou-se imperativa para as empresas modernas. Mas como a inovação se integra nesse processo? Quais são os obstáculos e como superá-los? Estas questões foram discutidas recentemente no Podcast “CONEXÃO OEC”, na sua edição de outubro de 2024, que contou com a participação de Lino Nader, CEO e fundador da Khanum, empresa de consultoria em inovação.
São resumidos neste artigo as principais discussões, comentários e orientações abordados de forma brilhante por Lino no podcast, destacando-se os desafios e oportunidades proporcionadas pela inovação, com base na sua experiência de quase 20 anos como consultor no mercado.
1. A Transformação Digital e Seus Desafios
A transformação digital, em sua essência, consiste na digitalização dos processos de uma empresa e na adoção de tecnologias para otimizá-los. Independentemente do porte, todas as empresas podem se beneficiar da digitalização, sendo este um recurso crucial para aquelas que buscam escalabilidade.
E como isto ocorre na prática? O primeiro passo é mapear os processos existentes em cada área de negócio. Em seguida, os processos levantados são analisados e otimizados. Finalmente, implementam-se tecnologias para automatizar tarefas repetitivas ou analíticas.
Um exemplo prático para ilustrar este fluxo é a adoção do recurso de assinatura digital, algo que agilizou e desburocratizou processos em diversos setores. Tipicamente, sua implementação envolve:
- Seleção das áreas de negócio: Escolher as áreas prioritárias para a transformação digital;
- Mapeamento orgânico: Reunir profissionais-chave para compreender a visão geral de cada processo, documentando o passo a passo, fluxos, tomadas de decisão, níveis de autorização e tecnologias existentes (mesmo as mais precárias);
- Redesenho do processo: Otimizar o processo mapeado, eliminando redundâncias e ineficiências;
- Implementação da tecnologia Escolher e implementar a tecnologia mais adequada para o processo otimizado;
- Mensuração e melhoria contínua: Estruturar a coleta de dados para mensurar os resultados, utilizando dashboards e o ciclo PDCA (“Plan-Do-Check-Act”) para melhoria contínua.
Como em qualquer mudança de processo, a transformação digital enfrenta barreiras e obstáculos comuns na adoção de novas tecnologias, entre os quais se destacam:
- Custo: O investimento varia conforme a maturidade da tecnologia. Tecnologias mais maduras, com maior concorrência no mercado, tendem a ser mais acessíveis;
- Resistência à mudança: A transformação digital exige uma mudança de mentalidade. A cultura da empresa, frequentemente resistente a mudanças, pode dificultar o processo. É fundamental entender que a transformação leva tempo e que mudanças graduais e períodos de teste são recomendados;
- Cultura organizacional: O medo da mudança é inerente. A aceitação da novidade pode ser um desafio cultural e requer atenção;
- Falta de talentos internos: Pode ser necessário contratar especialistas externos para remodelar processos e treinar equipes;
- Integração de sistemas legados: Conectar os novos fluxos aos sistemas existentes pode ser complexo, especialmente em grandes organizações. Uma avaliação cuidadosa dessas integrações é essencial;
- Privacidade e segurança de dados: A segurança dos dados é crucial, principalmente ao trabalhar com terceiros.
2. O Papel da Cultura Organizacional na Inovação
Promover uma cultura de inovação que incentive a experimentação, a tomada de riscos calculados e a geração de novas ideias é um desafio contínuo. Não há fórmula mágica; é um trabalho constante e recorrente que exige mudança de hábitos.
Sabe-se que a mudança de hábitos é sempre um desafio. Como estratégia para facilitar esta mudança, deve-se ter em conta que as pessoas são motivadas por recompensas. Empresas que buscam inovação precisam compreender como recompensar aqueles que se dedicam a ela. É crucial entender os valores dos colaboradores e oferecer recompensas alinhadas a esses valores. Frequentemente, as equipes estão sobrecarregadas com tarefas diárias e metas a cumprir, de modo que o movimento de inovação precisa trazer benefícios tangíveis para tornar-se bem-sucedido.
Uma empresa inovadora deve, portanto, promover algumas ações que favoreçam as iniciativas dos colaboradores, tais como:
- Incentivar a criatividade, proporcionando espaço para novas ideias e colaboração (serendipidade);
- Reservar tempo para discussões sobre inovação e mudanças;
- Criar espaços colaborativos;
- Empoderar os funcionários, dando-lhes autonomia;
- Comunicar claramente a visão da empresa, seus objetivos e a estratégia para alcançá-los;
- Tolerar erros, implementando mecanismos que minimizem o impacto financeiro de eventuais falhas, como experimentos e prototipações de baixa fidelidade.
3. Requisitos para a Criação de um Ambiente Inovador
Alguns requisitos favorecem a criação de um ambiente de trabalho inovador, tais como:
- Liderança ativa: Líderes devem incentivar e participar ativamente da inovação, indo além do discurso. Sua presença em comunicações e apresentações de projetos demonstra comprometimento e inspira as equipes. Inovação é um processo “top-down”, conduzido pelos líderes;
- Captura de ideias: Criar canais acessíveis para a captura de ideias (aplicativos, planilhas, formulários) é fundamental para que a inovação permeie todas as áreas da empresa. Dar voz a todos, mesmo que gere ideias que inicialmente pareçam inviáveis, é essencial;
- Esteira de inovação funcional: Uma esteira robusta e bem definida, que permeie todas as áreas, com empoderamento para buscar soluções e engajamento da liderança, contribui para a estruturação dos projetos e facilita a aprovação de investimentos;
- Movimento educacional: Implementar programas que incentivem o aprendizado sobre inovação, metodologias e processos, garantindo que todos compreendam como funciona a inovação na prática;
- Espaços para experimentação: Criar espaços físicos e virtuais que propiciem a experimentação, ideação e cocriação, permitindo que as equipes colaborem com parceiros e testem suas ideias;
- Intercâmbio entre departamentos: Promover o entendimento das diferentes áreas da empresa, gerando insights e oportunidades de colaboração (serendipidade);
- Modelo de recompensa: Reconhecer e recompensar as contribuições para a inovação;
- Clareza de objetivos: Comunicar os objetivos da empresa de forma clara e transparente;
- Endomarketing para inovação: Desenvolver um endomarketing específico para inovação, com comunicação interna frequente, para disseminar a cultura e os resultados do processo.
4. A Inovação Aberta e a Colaboração
A estratégia da inovação aberta permite implementar ações inovadoras com rapidez, acelerando também os seus resultados. É importante distingui-la da inovação corporativa, da qual é apenas um componente.
Os principais benefícios da inovação aberta
- Rapidez: Resultados mais rápidos;
- Diversificação de ideias: Acesso a novas perspectivas do ecossistema de startups e universidades;
- Aprofundamento da solução: O contato com diferentes soluções e startups ajuda a aprimorar a solução original;
- Acesso a talentos: Conexão com especialistas e profissionais qualificados;
- Networking: Fortalecimento de parcerias e geração de novas oportunidades.
Principais desafios a enfrentar:
- Maturidade da corporação: A empresa precisa estar preparada para se conectar com o ecossistema, com uma área de inovação estruturada, esteira de projetos, estratégia de inovação e equipe dedicada.
- Desenho da solução: É crucial ter um problema e uma solução bem definidos antes de buscar startups.
- Busca de soluções maduras: Priorizar startups com soluções robustas e financeiramente estáveis.
- Propriedade intelectual: Definir claramente a divisão da propriedade intelectual com os parceiros.
- Burocracia: Processos internos burocráticos podem atrasar a implementação das soluções.
- Compartilhamento de dados: Garantir a segurança dos dados ao trabalhar com startups que podem atender concorrentes.
Como gerar resultados com a inovação aberta?
Um processo ideal para inovação aberta pode ser resumido nos seguintes passos:
A. Definir o problema: Esclarecer o desafio a ser resolvido;
B. Desenhar a solução: Criar um esboço da solução ideal;
C. Identificar demandas e desafios específicos: Detalhar os requisitos e desafios da solução;
D. Buscar startups que atendam às demandas: Encontrar startups que ofereçam as tecnologias e expertise necessárias, criando um mix tecnológico.
5. Tecnologias Disruptivas e o Futuro da Inovação
A tecnologia está em constante evolução. Enquanto algumas empresas aguardam os concorrentes inovarem para segui-los, outras apostam na inovação e na tecnologia para liderar o mercado. É essencial acompanhar as tecnologias emergentes e entender seu ciclo de maturidade para implementá-las no momento oportuno.
Exemplos de tecnologias que impactarão os próximos anos:
- Inteligência Artificial (IA), principalmente a generativa;
- Internet das Coisas (IoT);
- Computação quântica;
- Blockchain;
- Biotecnologia (bioimpressão, CRISPR);
- Realidade Aumentada/Virtual/Mista;
- Energia Limpa (armazenamento de energia);
- Conectividade.
Como as empresas podem/devem se preparar?
- Monitorar o mercado: Atuar como um "radar" para o mercado, mantendo-se atentas às tecnologias emergentes e ao seu grau de maturidade.
- Aplicação ao negócio: Compreender quais tecnologias são relevantes para o seu negócio.
- Futurismo: Realizar sessões de futurismo com a liderança para antecipar tendências e identificar oportunidades.
- Experimentação: Ter coragem de testar e implementar novas tecnologias, mesmo que estas ainda estejam em estágios iniciais.
Conclusão
A inovação e a transformação digital são processos contínuos que exigem planejamento, investimento, mudança de cultura e atenção constante às novas tecnologias. As empresas que se adaptarem e inovarem terão a chance de se destacar no mercado, colhendo os frutos de um futuro mais eficiente e próspero.
Nota:
Este texto foi elaborado pela plataforma de IA da OEC – o “SmartOEC”, com base no conteúdo da gravação do Podcast CONEXÃO OEC, que contou com a participação de Lino Nader, conforme já mencionado na introdução. O texto foi revisado, ajustado e adaptado pela equipe de Inovação da OEC, com posterior aprovação do autor.