13/03/2024

Reflexões sobre Inovação, na visão de um jovem Engenheiro

Engenharia 3.0

Ao longo dos últimos anos, o setor de construção civil vem se modificando para se adaptar às novas tecnologias e aplicações que estão surgindo no mercado, como parte do esforço na busca por maior produtividade e eficiência. Apesar da evolução contínua, a construção ainda está atrasada na corrida tecnológica, se comparado seu desempenho com o de outras áreas da economia, mobilizando esforços e trazendo momentos desafiadores para os profissionais envolvidos, particularmente para os novos engenheiros. As demandas surgem a todo momento e exigem o desenvolvimento de soluções em tempo recorde, lidando-se com problemas que muitas vezes nem chegaram a ser formalmente mapeados. Os novos profissionais que iniciam suas carreiras justamente nesse momento de inflexão devem ser versáteis e ágeis no processo de aprendizado, balanceando a necessidade de adquirir novos conhecimentos à capacidade de se moldar às características e ao modus operandi de um setor tão rico em particularidades.

É digno de nota que os cursos de graduação das faculdades de Engenharia buscam acompanhar as necessidades do mercado. Ainda se observam, porém, algumas lacunas na formação dos alunos, por exemplo, em razão de matrizes curriculares pouco flexíveis, em contraste com a rápida evolução tecnológica do segmento de engenharia e construção. Os desafios que os estagiários e os engenheiros recém-formados enfrentam ao iniciarem suas carreiras são, portanto, consideráveis. Muitos descobrem que as tarefas que irão realizar nos primeiros anos de trabalho exigem conhecimentos e experiências que não refletem exatamente o que aprenderam na universidade. Há uma necessidade premente de atualização, para se tornarem mais competitivos em um mercado em constante transformação. Note-se que essa busca por conhecimento e atualização é também um requisito para profissionais experientes que já atuam no mercado, sob o risco de se tornarem obsoletos.

Não se pretende aqui discutir em detalhes uma reforma nos currículos acadêmicos dos cursos de Engenharia hoje disponíveis para combater as deficiências mencionadas, algo que exigiria um amplo debate com a comunidade acadêmica. Deseja-se com este breve artigo apenas contribuir com algumas reflexões na busca de soluções que permitam preencher as lacunas apontadas. Nesse sentido, considere-se como exemplo a OEC, uma grande empresa da área de construção pesada e um importante “player” do mercado de engenharia. Com uma demanda crescente de uma mão-de-obra cada vez mais especializada, treinada e qualificada, há espaço para interagir com as instituições de ensino em pelo menos duas vertentes: fortificando nossos laços com as faculdades e atuando em um dos principais pilares da sua cultura empresarial, calcada na educação pelo trabalho.

O relacionamento entre empresas e instituições de ensino é essencial na preparação dos futuros engenheiros e técnicos. Para favorecer esta cooperação, é sem dúvida importante buscar um maior alinhamento dos currículos com as exigências do mercado, mas deve-se também (e principalmente) viabilizar programas de parceria para aproximar estes dois mundos. Para que isso ocorra, uma maior interação entre empresas e os centros técnicos / universitários se faz necessária, através de parcerias focadas em programas cooperativos de Inovação, abrindo novas perspectivas e aproximando as demandas do mercado às iniciativas a serem desenvolvidas nas instituições de ensino, no contexto de estágios, projetos de iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso e programas de pesquisa.

Os comentários discutidos neste artigo refletem um pouco a minha própria vivência como Engenheiro em início de carreira contratado pela OEC. Desde o início desta primeira incursão na vida profissional, ainda como estudante e após quatro anos de experiência no grupo NOVONOR, tive uma experiência impactante na minha formação ao perceber o quão forte é a cultura empresarial nos negócios do grupo (referida hoje como “Nossa Cultura”), com destaque para um dos seus mais importantes pilares: a educação pelo trabalho, já mencionado acima. Uma oportunidade de lidar com os desafios reais na prática diária, mas munido do apoio e mentoria de profissionais experientes que tive como líderes durante esses anos para enfrentar as dificuldades e desafios das áreas onde trabalhei, algo que me motivou e incentivou na busca por informação e no aprimoramento profissional e me tornou mais curioso.

A exemplo do que ocorre na OEC, os Líderes devem provocar seus liderados a se desenvolverem, a buscarem soluções, externas ou internas (iniciativas de sucesso em projetos anteriores, experiências das equipes, lições aprendidas). A criatividade dos mais novos deve ser incentivada sempre que possível, preferencialmente ainda durante a fase de estudos e formação profissional. Destaca-se que os estudantes ainda não têm uma noção exata dos desafios propostos pelo mercado. Em função deste distanciamento da “realidade”, estes não ficam presos a ela; assim, extrapolam, fogem do consenso, pensam “fora da caixa”, o que muitas vezes pode não dar em nada, mas é justamente nessa fase que o impossível está a um passo de se tornar possível.

Nessa breve experiência trilhada em um caminho “entre provas e planilhas”, descobri que o resultado mais valioso está nos aprendizados e na conexão com as pessoas, algo muito frequente na OEC. Houve momentos em que o trabalho diário me tirava um pouco a perspectiva, mas que posteriormente se mostraram relevantes para a minha formação profissional. Entender o significado e o alcance de uma determinada atividade aparentemente maçante e sem sentido me trouxe novos conhecimentos e experiência em diferentes áreas. Permitiu testar novas ideias, compreender melhor o todo, contribuir com as equipes para o desenvolvimento de soluções mais eficientes, praticar e incentivar a Inovação na empresa. Entender, enfim, o papel da OEC no ecossistema de Inovação.

Francisco Peltier Neto | OEC IN